A arte de ser artista
Quando eu tinha 9 anos fui premiado com uma credencial de cinema por ter vencido um concurso de leitura. A credencial valia para todo o mês de Julho, período de férias escolares. Ia ao cinema praticamente todos os dias e me apaixonei pela sétima arte mas, mal sabia eu que aquilo mudaria completamente minha vida.
Um dos filmes que assisti e que foi fundamental para minhas escolhas foi Agonia e Êxtase, com direção de Carol Reed e com os atores Charlton Heston, Rex Harrison.
O filme trata da pintura da Capela Sistina e Charlton Heston interpretou Michelangelo enquanto Rex Harrison interpretou o Papa Júlio II.
Além de ficar impressionado com o filme, brotou em mim uma vontade louca de desenhar e pintar. Ali eu tomei uma decisão e nasceu uma paixão: ser artista.
Nunca fui focado em trabalhar com arte, ainda mais nesse nosso país onde a arte é apenas objeto de "que lindo". Talvez também porque eu não tenha encontrado as pessoas certas e também não acreditasse no meu talento.
Hoje tudo mudou. Maduro e consciente daquilo que me faz feliz, redirecionei minha vida profissional. Sei que a batalha será dura mas acredito naquilo que estou fazendo e naquilo que esperei, talvez para a hora certa, para focar como minha realização.
Até algum tempo eu era focado em pintar realismo mas, agora me descobri pintando com mais liberdade, mais expressão e desencanado com o "agradar".
Sinto que hoje sou artista na pura essência e agradeço aqueles que me elegeram como o melhor leitor do ano letivo de 1966.